quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Telemedicina

Hospitais ainda recorrem pouco à Telemedicina


Quase todos os Hospitais portugueses utilizam a Internet (98,7%) e 96% destes têm ligações de banda larga, mas as actividades relacionadas com a actividade média estão ainda longe da generalização, apurou um estudo ontem divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) relativo aos primeiros meses deste ano.

De acordo com estes dados, 88,1% dos hospitais portugueses referem ter presença na Internet, sendo que 76,3% possuem website próprio e os restantes 31,9% integram um website do Ministério ou um Portal temático de Saúde.

Só que estes sites acabam por se limitar a informações básicas sobre os serviços, o corpo médico e a localização da instituição. Os resultados do inquérito mostram que apenas 8,2% dos Hospitais disponibilizam a possibilidade de marcar consultas online e só 12,6% disponibilizam formulários para serem preenchidos online.

Também na Telemedicina a utilização é muito escassa. Só 21,1% dos hospitais praticam actividades de telemedicina, destacando-se a teleradiologia e a teleconsulta, usadas por 83,7% e 53,1% dos hospitais que recorrem à Telemedicina.

quadro

O estudo revela também que mais de um quinto dos hospitais exerceram práticas de Telemedicina nas actividades de Prescrição electrónica (22,4%), de Teledermatologia (30,6%) e de Telecardiologia (32,7%).

A utilização de sistemas de Telemedicina, potenciados por ligações de banda larga, é mais elevada nos Hospitais Públicos do que em instituições privadas, onde apenas 6,5% admite utilizar estes sistemas.

As aquisições via comércio electrónico estão também a aumentar. Em 2009 35,3% dos hospitais efectuaram encomendas de bens ou serviços por via electrónica, sendo que em quase metade destes estabelecimentos as compras nestas plataformas representam um quarto ou mais do valor total de aquisições.




http://tek.sapo.pt/noticias/internet/hospitais_ainda_recorrem_pouco_a_telemedicina_1103929.html

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mulher considerada morta acorda 14 horas depois

Mulher considerada morta acorda 14 horas depois


Mulher considerada morta acorda 14 horas depois

Uma mulher declarada “muito provavelmente morta” por um médico, acordou 14 horas depois num hospital em Bordéus, em França, depois de os filhos se terem recusado a desligar os aparelhos. A equipa médica garantiu que não havia mais nada a fazer e seria impossível salvá-la.

Por:R. P.

Lydia Paillard, 60 anos, estava a ser preparada para uma sessão de quimioterapia, quando supostamente morreu, de acordo com Yves Noel, director do hospital Rive Droite, de Bourdéus.

Os médicos conseguiram ressuscitá-la e coloram-na num respirador artificial. Contudo chegaram à conclusão que a paciente estava “muito provavelmente morta”.

"Eles queriam que assinássemos uma autorização para desligar a máquina que a ajudava a respirar. Se o fizéssemos, seria a sua sentença de morte", afirma Sébastien Paillard, um dos filhos da paciente.

Por insistência da família, a mulher foi transferida de ambulância para o Hospital Universitário de Bordéus. Fez vários exames, dos quais uma tomografia, que não revelaram morte do cérebro, confirmou o director da clínica. Catoreze horas depois Lydia despertou.

A paciente disse que não se ter apercebido da situação e que os três filhos foram provavelmente os mais afectados com o incidente.

O hospital Rive Droite vai propor uma reunião com os médicos para falar da falta de comunicação.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Teve ferro na coxa durante tres meses

Teve ferro na coxa durante tres meses

Teve ferro na coxa durante três meses

Um jovem de 14 anos, de Barreiros, Amares, teve um ferro de 10 cm espetado na coxa direita durante três meses, sem que os médicos do Hospital de Braga, da Clipóvoa e do Centro de Saúde de Amares o detectassem.

Ivo Silva caiu de bicicleta no dia 18 de Junho e, entre outras escoriações ligeiras, fez uma ferida profunda na coxa. Nas seis horas que passou no Hospital de Braga, foi-lhe feito um raio-x à perna e, por ordem do médico, suturada a ferida.

O curativo era feito de três em três dias, mas a ferida não cicatrizava. Fez uma ecografia na Clipóvoa, onde os médicos também nada detectaram.

Começou a deitar muito líquido e, no dia 18 deste mês, foi novamente ao Hospital. O médico mandou fazer um curativo, mas o enfermeiro, experiente, viu que havia algo estranho e retirou a manete do travão, que ali tinha ficado espetada.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Obesidade Mental

A Obesidade Mental - Andrew Oitke


Por João César das Neves - 26 de Fev. 2010


O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity»,
que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema
da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação
e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de
preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que
de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas
e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas
e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as
revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se
comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a
dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,
videojogos e telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam
depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para
que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alerta para riscos de incêndios na saúde | DNOTICIAS.PT

Alerta para riscos de incêndios na saúde | DNOTICIAS.PT

Evitar a inalação de partículas de fumo, protegendo a boca e o nariz com máscaras ou lenços húmidos, usar protecção ocular e, perante uma atmosfera com fumo, respirar devagar e manter a calma são alguns dos conselhos disponibilizados pelo Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE) no site oficial, tendo em conta a actual realidade da Região e os potenciais riscos dos incêndios na saúde.

Segundo a informação divulgada, as entidades aconselham a permanecer no interior das habitações, mantendo as portas, janelas e tampas das lareiras fechadas e, se necessário, tapar frinchas existentes com panos molhados. No caso de irritação dos olhos, o conselho vai no sentido de lavá-los com soro fisiológico ou água fria e limpa. Não fumar, não acender velas nem qualquer outro objecto que funcione a gás ou a lenha também é referido, de forma a manter o nível de oxigénio, dentro de casa, o mais elevado possível.

Se houver ou se se mantiverem as queixas, como tosse intensa, falta de ar, peso no peito, tonturas e dores de cabeça, o IASAÚDE aconselha a recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo. No site do IASAÚDE é ainda possível ler que os doentes cardíacos ou respiratórios devem ter consigo a medicação de urgência e usá-la caso seja necessário.

Em relação às crianças, a entidade recomenda que, nas áreas atingidas, não devem brincar ao ar livre. O IASAÚDE pede particular atenção às crianças com menos de três anos. Como o padrão de respiração é mais rápido e trocam duas vezes mais volume de ar do que os adultos, o risco de inalação de fumo é maior.

Outros sintomas associados são irritação do nariz, garganta e traqueia, perturbações da visão, fadiga, dificuldades de concentração e confusão mental.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Psicólogo substituía médico após cirurgias - JN

Psicólogo substituía médico após cirurgias

00h43m

Nuno Miguel Ropio

Frans Versteeg realizava as operações oftamológicas, mas logo depois rumava à Holanda. Era o psicólogo da clínica I-QMed, em Lagoa, que prestava os cuidados pós-operatórios aos pacientes. Tudo com base na experiência como assistente do cirurgião holandês.

Simpático e disponível. Só que com conhecimentos técnicos limitados. Assim é descrito Reinaldo Bartolomeu, o psicólogo da I-QMed, no Algarve, que, alegadamente, assegurava o pós-operatório. Segundo os doentes que sofreram infecções nas cirurgias oftalmológicas, o contacto com Versteeg, o médico holandês proprietário da clínica, deixava de ser possível nas horas posteriores às operações.

Desde conselhos de medicação e observação de pacientes, até ao contacto telefónico, o psicólogo – sem formação na área ocular além da experiência de seis anos – mostrava-se o substituto de Versteeg, que rumava à Holanda após as intervenções.

“O Reinaldo era simpático mas não sabia dizer nada de concreto. Nem viu que tinha uma lente dobrada dentro do olho a cortar-me a retina”, denuncia Maria Florinda Santos, de 61 anos, que em Janeiro de 2005 foi operada às cataratas por Versteeg. “Durante a operação percebi ele a dizer para o jovem [Reinaldo Bartolomeu] que tinha feito asneira. Tinha dobrado a lente e como não tinha mais nenhuma deixou-a lá”, revela.

Entre Janeiro e Setembro de 2005, não conseguiu ter mais contacto com o cirurgião holandês, que se apresentaria tanto como “Franciscus” quando se tratava das intervenções oftalmológicas, como “Frans” para os tratamentos de beleza e aplicação de botox. “Só me sugeriram viajar para a Holanda com outras três pessoas que tinham tido problemas como eu, para sermos operados por um colega do médico”, acrescenta aquela dirigente do Sindicato da Hotelaria. A viagem não ocorreu.

Descrição semelhante à de Wander Sequeira, amigo da doente brasileira Valdleine, que desde 22 de Julho está internada no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, com prognóstico muito reservado, devido à cirurgia na I-QMed. “Durante as primeiras horas apareceu sempre [Reinaldo], mas agora até tem o telemóvel desligado)”, explica o cidadão brasileiro. O JN tentou obter uma reacção do psicólogo, mas este não respondeu aos contactos.

Entretanto, Valdleine será operada hoje aos dois olhos, de forma a debelar a grave infecção que continua a apresentar (ver caixa ao lado. Já ontem, como o JN adiantou, a Michael Donovan, de 66 anos, – um dos outros três pacientes a quem foi declarada cegueira definitiva – foi extraído o olho que ameaçava arriscar o alastramento da infecção a outras áreas.

O futuro de Veldleine está depositada na cirurgia a que será submetida hoje, quarta-feira, pelas 9 horas. Segundo Eliane, irmã daquela doente que até agora continua com prognóstico reservado e ainda não mereceu a declaração de cegueira definitiva, a equipa médica do Serviço de Oftalmologia dos Capuchos pediu que uma declaração de responsabilidade civil fosse assinada pela família, para a realização da intervenção.

A cidadã brasileira está há nove anos em Portugal, onde vive com dois filhos, uma menina de três anos e um rapaz de 15 anos. Apenas o último sabe do estado da progenitora. “Ela trabalhava na apanha de morango e era o único sustento deles (dos filhos). Somos gente humilde e trabalhadora. Não se como será a vida desses meninos, com a minha amiga, assim, nesse estado”, admitiu Wander Sequeira.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Doenças e Sentimentos

Doenças causadas por (re)sentimentos.

Segundo a psicóloga americana Louise l. Hay, todas as doenças que temos são criadas por nós. Afirma ela, que somos 100% responsáveis por tudo de ruim que acontece no nosso organismo. Todas as doenças tem origem num estado de não-perdão, diz Louise L. Hay. Sempre que estamos doentes, necessitamos descobrir a quem precisamos perdoar.
Quando estamos empacados num certo ponto, significa que precisamos perdoar mais. Pesar, tristeza, raiva e vingança são sentimentos que vieram de um espaço onde não houve perdão. Perdoar dissolve o ressentimento.
A seguir, você vai conhecer uma relação de algumas doenças e suas prováveis causas, elaboradas pela psicóloga Louise. Reflita, vale a pena tentar evitá-las:

DOENÇAS/CAUSAS

AMIDALITE: Emoções reprimidas, criatividade sufocada.
ANOREXIA: Ódio ao externo de si mesmo.
APENDICITE: Medo da vida. Bloqueio do fluxo do que é bom.

ARTERIOSCLEROSE: Resistência. Recusa em ver o bem.
ARTRITE: Crítica conservada por longo tempo.
ASMA: Sentimento contido, choro reprimido.
BRONQUITE: Ambiente familiar inflamado. Gritos, discussões.
CÂNCER: Mágoa profunda, tristezas mantidas por muito tempo.
COLESTEROL: Medo de aceitar a alegria.
DERRAME: Resistência. Rejeição à vida.
DIABETES: Tristeza profunda.
DIARRÉIA: Medo, rejeição, fuga.
DOR DE CABEÇA: Autocrítica, falta de autovalorização.
DOR NOS JOELHOS: medo de recomeçar, medo de seguir em frente.
ENXAQUECA: Raiva reprimida. Pessoa perfeccionista.
FIBROMAS: Alimentar mágoas causadas pelo parceiro (a).
FRIGIDEZ: Medo. Negação do prazer.
GASTRITE: Incerteza profunda. Sensação de condenação.
HEMORRÓIDAS: Medo de prazos determinados. Raiva do passado.
HEPATITE: Raiva, ódio. Resistência a mudanças.
INSÔNIA: Medo, culpa.
LABIRINTITE: Medo de não estar no controle.
MENINGITE: Tumulto interior. Falta de apoio.
NÓDULOS: Ressentimento, frustração. Ego ferido.
PELE (ACNE): Individualidade ameaçada. Não aceitar a si mesmo.
PNEUMONIA: Desespero. Cansaço da vida.

PRESSÃO ALTA: Problema emocional duradouro não resolvido.
PRESSÃO BAIXA: Falta de amor quando criança. Derrotismo.
PRISÃO DE VENTRE: Preso ao passado. Medo de não ter dinheiro suficiente.
PULMÕES: Medo de absorver a vida.
QUISTOS: Alimentar mágoa. Falsa evolução.
RESFRIADOS: Confusão mental, desordem, mágoas.
REUMATISMO: Sentir-se vitima. Falta de amor. Amargura.
RINITE ALÉRGICA: Congestão emocional. Culpa, crença em perseguição.
RINS: medo da crítica, do fracasso, desapontamento.
SINUSITE: Irritação com pessoa próxima.
TIRÓIDE: Humilhação.
TUMORES: Alimentar mágoas. Acumular remorsos.
ÚLCERAS: Medo. Crença de não ser bom o bastante.
VARIZES: Desencorajamento. Sentir-se sobrecarregado.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A bebé mais velha do mundo - JN

A bebé mais velha do mundo - JN
A bebé mais velha do mundo

Zoey Penny é a criança mais nova do mundo com a doença de Progeria. Com sete meses de idade já enfrenta uma dura batalha pela vida.

Com apenas sete meses, Zoey Penny já enfrenta uma dura batalha pela vida, encurtada pelo “ síndrome de Hutchinson Gilford”, uma doença que provoca o envelhecimento precoce das crianças.

Os pais de Zoey começaram a notar que algo não estava bem há um mês. Wendy Chung, especialista em genética da Universidade da Colômbia e do Hospital Presbiteriano de Nova Iorque, diagnosticou a Zoey a doença rara.

“Zoey vai ter os mesmos problemas que têm os idosos, mas de uma forma acelerada” explicou Wendy Chung.

O “síndrome de Hutchinson Gilford”, HGPS, ou Progeria (o nome deriva do grego e significa “prematuramente velho”) é uma doença genética rara, para a qual ainda não foi descoberta uma cura. As crianças com Progeria envelhecem cinco a dez vezes mais rápido do que é normal e têm uma esperança média de vida de 12 anos.

Na próxima década, os médicos calculam que Zoey terá de pintar o cabelo, caso queira esconder as brancas, e que terá, aos 10 anos, o coração de uma pessoa de 60 anos.

“Nada do que se passa com Zoey é justo. É ainda mais duro quando vejo outras crianças”, disse o pai da bebé, Ian Zoey, que é professor. “Saber que dou aulas numa classe escolar a que ela pode não chegar é duro”, disse.

Os sintomas da doença são muito específicos: perda de cabelo, desenvolvimento de rugas na pele e de veias salientes na cabeça, aumento do crânio, entre outros.

Estima-se que existam 65 crianças em todo o mundo a sofrer desta doença. Todas acabam por morrer com doenças de idosos: sofrem ataques de coração aos cinco ou seis anos.

A Progeria não afecta o intelecto das crianças. Apesar das chocantes e rápidas mudanças físicas dos corpos, são extremamente inteligentes, corajosas e cheias de vida.

Em Portugal só é conhecida a existência de um caso de Progeria. Uma criança chamada Cláudia, actualmente com 12 anos e uma aparência de 70.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Comunicar na Saúde


O interesse oportuno do tema deste trabalho surge espontaneamente ao analisarmos os dois principais vocábulos que o constituem: Comunicação e Saúde. A comunicação é inata, desde os primeiros fôlegos após o nascimento até ao último suspiro, na concepção humana a comunicação está sempre presente. E comunicar é um conceito tão complexo que não se prende apenas com palavras ou gestos, ela compreende também sentimentos e emoções. A comunicação está presente durante o dia e durante a noite, no caos ou no silêncio. Podemos até estar a comunicar estando a dormir, conseguimos perceber como se está a sentir uma pessoa que dorme profundamente ou que dorme inquietamente. Conduzindo o conceito de comunicação para a área da saúde compreendemos a relevância que este pode adquirir. Em qualquer área da saúde, desde os pacientes no centro de saúde aos laboratórios onde se desenvolve a tecnologia que melhora a qualidade de vida das pessoas, a comunicação está sempre presente e é absolutamente necessária. Numa primeira instância percebemos que a comunicação é fulcral para divulgar informação, no entanto não se restringe apenas a esse propósito. Uma comunicação deficiente entre os profissionais e entre os pacientes pode traduzir-se em erros irrecuperáveis, o que tratando-se de saúde pode tornar-se crítico.
Ao longo do curso de pós-graduação em comunicação e saúde foram identificadas as várias formas de comunicar, delineados os tipos de linguagem e exercidas as técnicas para viabilizar a comunicação na área da saúde. Como engenheiro biomédico, apesar de não ter contacto directo com doentes, este curso ensinou-me a ter consciência da complexidade que é atender uma pessoa que se encontra numa situação débil. Adicionalmente, como a minha função profissional vai de encontro à de qualquer outro profissional de saúde, médico ou enfermeiro, que é melhorar a qualidade de vida das pessoas, reconheci na frequência desta pós graduação as necessidades das pessoas e a forma como uma comunicação eficaz pode colmatar substancialmente essas carências e facilitar de forma categórica a realização do nosso objectivo comum.
Todas as teorias apresentadas, as técnicas discutidas e os modelos de actuação implementados enriqueceram não só a minha formação ao nível das capacidades comunicacionais, como também foram de extrema importância para o meu enriquecimento como ser humano. Tendo em conta que a comunicação acompanha o desenvolvimento do ser, o desenvolvimento das ferramentas de comunicação fazem-me evoluir de forma exponencial.
Um factor de grande importância para a produtividade deste curso foi, sem dúvida, a qualidade do grupo de trabalho, desde formandos a prelectores. Apesar de maioritariamente ser constituído por pessoas ligadas ao ramo da enfermagem e muitas vezes as opiniões coincidirem de forma natural, foram muito úteis as experiencias partilhadas por todos os intervenientes que, vindo de áreas distintas mostram um confronto de ideias que abre os horizontes e nos leva para uma introspecção esclarecedora, profunda e positiva.
Faço assim uma apreciação benéfica destes seis meses de trabalho, que foram favoráveis para mim individualmente e acredito que para a generalidade dos intervenientes, mesmo para os técnicos da escola ou visitantes que puderam contar com a presença de um grupo sempre animado, confiante e acima de tudo comunicativo. O balanço não poderia deixar de ser positivo, tratando-se de um curso sobre comunicação.
Por fim, quero deixar a minha intenção de prosseguir com este trabalho, incluindo neste blog informações que encontre pertinentes não só na área da comunicação em particular mas da saúde em geral, tirando assim proveito das capacidades que estes novos meios de comunicação têm para oferecer.

“A palavra foi dada ao comum dos mortais para comunicar os seus pensamentos e aos sábios para os disfarçar”

Robert South

Comunicação das más notícias e gestão do luto

Um dos desafios em comunicação com que os profissionais de saúde são confrontados frequentemente é a gestão das más notícias e gestão de luto. Uma má noticia que vai provocar dor, sofrimento, uma amálgama de emoções e sentimentos, um vazio existencial pela ruptura nos vínculos afectivos e nos projectos de vida, ou seja, vai transformar a vida e o modo de viver daquelas pessoas.
Má notícia é toda a informação que envolva uma mudança drástica e negativa na vida da pessoa e na perspectiva do futuro. Pode ser também definida como uma notícia com repercussões negativas para presente e/ou futuro da vida da pessoa ou de alguém próximo (familiar ou outra pessoa significativa).
Normalmente, uma má notícia anuncia uma perda, que, por sua vez, dá origem ao luto. O luto é definido como a resposta global, fisiológica e psicológica de um indivíduo à perda de uma pessoa, objecto ou algo significativo. O luto compreende 3 fases; numa primeira fase, o indivíduo passa por uma fase de torpor, choque e negação, depois atravessa uma fase de desorganização e desespero e, por fim, entra em reorganização e recuperação. O processo de luto é uma travessia longa que requer o apoio incondicional de que acompanha, no sentido de contribuir para a resolução saudável da situação, ajudando a pessoa a adquirir capacidade para redefinir os objectivos e descobrir de novo o prazer da vida, evitando a não resolução que pode conduzir à depressão ou a um estado de luto psicológico.
Aquando da comunicação de más notícias, é necessário ter em conta a gravidade da notícia e o impacto que esta terá nas vidas das pessoas. Além disso deve ter-se em conta a distancia que separa as expectativas do futuro e da realidade da situação, bem como as vivencias individuais de cada um. O comunicador preocupa-se ainda com as representações da doença, personalidade do doente, crenças filosóficas e espirituais e suporte emocional bem como social, tendo em conta que ao comunicar uma má notícia tem que automaticamente preocupar-se em ajudar o outro no seu processo de luto. A pessoa lesada necessita de ser informada, de ser ouvida, de ser compreendida e de encontrar disponibilidade e espaço para a sua angústia.
O modelo operacional mais divulgado para a comunicação de más notícias é o designado modelo SPIKES: Setting (preparar o que vai dizer e o ambiente), Perception (perceber o que a pessoa sabe ou pensa que tem), Invitation (perceber o tipo de informação que a pessoa quer), Knowledge (dar conhecimento da situação), Emotions (transmitir compreensão e proporcionar espaço para a pessoa partilhando o que pensa e sente), Summary ou Strategic plan (explicar o plano de acompanhamento).
A comunicação de más notícias deve seguir princípios bem definidos:
• Preparar o ambiente;
• Demonstrar disponibilidade e capacidade de escuta (mostrar que está a ouvir: repetir e reiterar);
• Fornecer informação clara e aberta sobre os factos e as circunstâncias;
• Questionar (questões fechadas para a história e abertas para o restante);
• Responder às questões de forma apropriada, o que inclui respostas empáticas ou factuais (identificar as emoções, a sua causa e reconhecê-las) e o silêncio, pois responder não significa uma resposta completa.
• Estabelecer uma relação de confiança, de respeito e empatia;
• Encorajar a expressão dê sentimentos, emoções e pensamentos, sem juízos de valor; antecipar medos;
• Ajudar a pessoa a consciencializar-se daquilo que está a viver e a reconhecer os sentimentos e emoções. Deixar a pessoa sentir-se triste;
• Evitar desviar atenção para outras situações análogas ou fazer comparações, evitar eufemismos, não minimizar a perda;
• Não esconder os nossos próprios sentimentos;
• Acompanhar a família junto da pessoa morta e proporcionar um momento para se despedirem;
• Facilitar as tomadas de decisão da família e respeitar as suas vontades.
• Evitar frases triviais - “É a vida”; “todos temos de morrer um dia”; ”as coisas vão melhorar”; “és muito jovem ainda podes refazer a tua vida”; “foi melhor assim”; “isto é a melhor solução”; “a senhora é nova pode ter outros filhos”; “se calhar foi melhor assim”; “foi melhor morrer agora antes de o conheceres”;
• O que se pode dizer: “Estou triste por si”; “como está a passar por tudo isto”; “isto deve ser difícil para si”; “O que posso fazer por si”; “Tenho muita pena”; “Estou aqui disposta a ouvi-la”; “lamento que o seu bebé tenha falecido. Há alguma coisa que possa fazer por si”.
• Ajudar a actualizar a perda, a viver sem a pessoa perdida, permitindo que fale sobre a mesma e repita a historia tantas vezes quanto necessário;
• Ajudar a reorientar prioridades, a restaurar a autoconfiança e a aprender a viver num mundo diferente;
• Evitar o isolamento e a solidão – encorajar o retorno às actividades da vida diária, emprego, visita a familiares e amigos, fazer exercício, participar em actividades sociais;
• Encaminhar para recursos da comunidade – apoio espiritual, grupos de ajuda.
Comunicar uma má notícia e ajudar o outro no seu processo de luto implica desenvolvimentos e mudanças que o terapeuta terá que adoptar a nível individual, da equipa, organizacional e a nível social. O comunicador deve ter consciência de si, das suas emoções e sentimentos, bem como dos seus medos. Tem que ter também capacidade para gerir as emoções, adquirir conhecimentos sobre comunicação, sobre o processo de luto e as reacções dos enlutados, capacidade para uma elaboração adequada dos seus próprios lutos e possuir auto-compreensão e auto-conhecimento.

Pereira, Maria Aurora. Comunicação de más notícias e gestão do luto- Apresentação para curso de pós-graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico Viana do Castelo, Viana do Castelo, 2010.

Relação Técnicos de Saúde – Utentes

É muito fácil existirem problemas de comunicação entre técnicos de saúde e utentes, quanto mais não seja porque, sobretudo em consultas e outras intervenções, as agendas são diferentes. Senão, vejamos:
- Para os técnicos de saúde a agenda é: Quais são os sintomas? Que doença é esta? O que mostra o exame clínico? Qual é o diagnóstico? Que exames é necessário fazer? Quais são os resultados dos exames? Que medidas terapêuticas são necessárias? Que medidas de reabilitação são necessárias?
- Para os utentes a agenda é: Porquê eu? Porquê agora? Qual a causa disto? O que é que me pode acontecer? O que é que os técnicos vão fazer comigo? O que é que isto significa para a minha vida, família e trabalho?
Vê-se perfeitamente que, com estas agendas tão diferentes, para o utilizador dum serviço de saúde, quer esteja numa consulta quer a realizar um exame de imagem ou outro, é muito fácil existirem dificuldades de comunicação entre técnicos e utentes, que tendem a ser ainda mais facilitadas sempre que em simultâneo houver: longas esperas e consultas ou intervenções rápidas; entrevistas centradas mais nos técnicos do que nos utentes; ansiedade por parte do utente e atribuição de valor escasso à comunicação com o utente.
As consequências dos problemas de comunicação na relação entre os técnicos de saúde e os utentes podem ser variadas:
- Insatisfação dos utentes com a qualidade dos cuidados de saúde
- Erros de avaliação, porque não se identificam queixas relacionadas com crises pessoais, dificuldades de adaptação e/ou psico-patologia e se focaliza-se no primeiro problema apresentado, que nem sempre é o mais importante
- Comportamentos de adesão mais insatisfatórios
- Mais dificuldades no confronto e adaptação à doença por não saber o que fazer (incerteza), ter recebido informação contraditória (ambiguidade) ou até por se sentir incompreendido
- Comportamentos inadequados de procura de cuidados, quer procura excessiva e/ou recorrente dos serviços de saúde quer procura alternativa.
Particularmente, as dificuldades relacionadas com a transmissão de informação e com atitudes inadequadas dos técnicos em relação à comunicação podem resultar em comportamentos de adesão insatisfatórios em relação a adopção de comportamentos saudáveis, realização de exames de rastreio e de diagnóstico, tratamentos medicamentosos, desenvolvimento de auto-cuidados, realização de outras consultas e adesão a medidas de reabilitação. O utente não compreendeu o que é necessário fazer, não se recorda do que foi dito, não teve possibilidade de fazer perguntas ou não acredita que valha a pena seguir as recomendações dos técnicos... Seja como for, podem ser consequências gravosas para o bem-estar dos utentes e dos técnicos de saúde e podem ter custos económicos para os indivíduos e para a comunidade.
A melhoria dos processos de comunicação que ocorrem na relação entre os técnicos de saúde e os utentes exigem uma intervenção dupla sobre os técnicos de saúde e sobre os utentes com a finalidade de desenvolver as suas competências de comunicação.
Há necessidade de desenvolver as competências comunicacionais dos técnicos de saúde, principalmente porque a formação universitária dos técnicos de saúde assenta predominantemente nos aspectos biomédicos, técnicos e assistenciais e tende a negligenciar aspectos centrais como a comunicação em saúde, essencial também na humanização dos serviços. Assim, é desejável aumentar as oportunidades de formação relacionada com competências de comunicação, quer na formação académica, quer na formação pós-graduada e profissional dos técnicos de saúde, nomeadamente no que se refere a:
- Competências básicas de comunicação, tais como escuta activa, perguntas abertas e técnicas facilitadoras
- Treino assertivo
- Resolução de conflitos e negociação
- Como transmitir más notícias
- Como transmitir informação sobre medidas preventivas, exames, tratamentos e autocuidados, enfatizando mais os comportamentos desejáveis do que os factos técnicos
- Como transmitir informação de saúde escrita
- Elaboração de guidelines.
Os técnicos de saúde devem tornar-se cada vez melhores comunicadores e melhores utilizadores das tecnologias de informação. Importa desenvolver acções destinadas a promover competências de comunicação e mais empowerment nos utentes, quer nos serviços de saúde quer na comunidade, para que os utentes se tornem mais pro-activos na procura de informação sobre saúde. Nos serviços de saúde trata-se de aumentar o seu nível de participação, ajudar a identificar as preocupações, incentivar a fazer, antes da consulta, exames ou tratamentos, uma lista do que querem falar ou perguntar, assegurar que consegue fazer as perguntas que quer fazer.
Na comunidade trata-se de contribuir para o desenvolvimento da literacia de saúde, através de actividades nas escolas, locais de trabalho, grupos comunitários e, ainda, de aumentar o acesso à Internet, o que é essencial para aumentar a acessibilidade à informação de saúde, bem como o contacto com técnicos e serviços de saúde.
A qualidade da comunicação entre os técnicos de saúde e os utentes está relacionada com maior consciencialização dos riscos e motivação para a mudança de comportamentos, facilitação de escolhas complexas em saúde e nas doenças, adaptação à doença e qualidade de vida, comportamentos de adesão e comportamento de procura de cuidados. Ou seja, tem influência sobre o estado de saúde e a utilização dos serviços. Assim:
- Compreender a informação sobre saúde e doenças é um direito de todos nós
- Melhorar a comunicação em saúde é um imperativo ético para os técnicos de saúde e, ao mesmo tempo, é uma responsabilidade de todos.

TEIXEIRA, José A. Carvalho. Comunicação em saúde: Relação Técnicos de Saúde - Utentes. Aná. Psicológica, set. 2004, vol.22, no.3, p.615-620. ISSN 0870-8231.

Comunicação, educação e promoção da saúde


Entende-se comunicação e educação como processos sociais que, actualmente, não podem caminhar dissociados e devem contribuir para o desenvolvimento da sociedade, uma vez que o saber se apresenta como factor de soberania para a nação com a qual se vincula e a comunicação é o modo pelo qual este saber se materializa na sociedade.
A construção de um conhecimento adequado que leve à compreensão de que o nível de saúde é determinante para que o indivíduo viva com qualidade encontra ambientação na perspectiva construtivista explicada por Piaget como o aparecimento de inovações, mudanças e transformações qualitativas que surgem no percurso do desenvolvimento intelectual. O indivíduo aprende e constrói sua inteligência e o seu conhecimento por meio da assimilação, da acomodação e da relação com o outro, na relação com o mundo. O processo educativo permeado pela comunicação exige diálogo, partilha e consideração ao outro que pensa/age igual ou diferente de nós. Valla (1992) relaciona a educação e a saúde com a cidadania por meio da discussão dos serviços básicos e os impostos pagos pela população. Comenta o autor que quanto à definição do quadro das necessidades de saúde da população “carente” ou “pobre”, verifica-se que é habitualmente o das doenças da miséria, cuja profilaxia, de baixo custo, realiza-se, no caso dos centros de saúde, por meio de medidas como a vacinação em massa. As campanhas e os programas desenvolvidos têm mais a ver com os “agentes patológicos” do que com os indivíduos sociais.
Da educação depende a melhoria das condições de vida da população. Normalmente, a população tem conhecimento restrito sobre doenças, o que ocasiona demora no diagnóstico e tratamento, sendo esse procedimento mais comum em comunidades carentes, tanto urbanas como rurais, e naquelas geograficamente distantes e dispersas.
Na visão de Aerts et al (2004) a promoção da saúde passou a ser vista como uma estratégia mediadora entre pessoas e ambiente, visando aumentar a participação dos sujeitos e da colectividade na modificação dos determinantes do processo-saúde, como emprego, renda, educação, cultura, lazer e hábitos de vida. Promover a saúde, no conceito dos autores, é oferecer um contexto de apoio que proporcione a saúde física, intelectual e mental. A educação deve ser a grande facilitadora dessa situação abrangente.
Para a devida manutenção de um nível condizente de vida, é necessário atingir a maior causa que inviabiliza esse fato, ou seja, a ignorância, que promove a indignidade humana e anula o sujeito político. O problema não se restringe somente aos analfabetos, mas também à parcela da população que está excluída ao acesso às informações, aos programas e ao próprio progresso.
Torna-se, portanto, necessário o estabelecimento de parcerias funcionais, de alianças e redes fortes para a promoção da saúde, que incluam os sectores público e privado e outros grupos da sociedade civil, para além daqueles já tradicionalmente envolvidos na intervenção em saúde, de modo a criar massa crítica para a promoção da saúde em diferentes settings (escolas, locais de trabalho, locais de recriação e lazer, estabelecimentos de saúde, prisões, etc.).



http://pitagorascursoenfermagem.blogspot.com/
Freire, Maria Teresa Marins et al. Comunicação e educação: processos interativos para a promoção da saúde - UNIrevista - Vol. 3, n° 1, São Leopoldo, 2006
AZENHA, M. da G.. Construtivismo, de Piaget a Emília Ferreiro - Ática 7 ed. São Paulo, 2002
PORTO, T.M.E.. Redes em construção: meios de comunicação e práticas educativas – JM Editora, Araraquara, 2003.

VALLA, V.V. Educação, saúde e cidadania: investigação científica e assessoria popular - Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro 1992

AERTS, D. et al. Promoção da saúde: a convergência entre as propostas da vigilância da saúde e da escola cidadã - Cadernos de Saúde Pública, Rio Janeiro, 2004

Comunicação na equipa e na organização

Comunicação na equipa e na organização
Conhecer, sentir e acompanhar a dinâmica organizacional – ambiente interno e externo – é uma necessidade que se impõe sob o aspecto da actualização permanente. E, sobretudo, é uma questão de sobrevivência, posicionando a organização no mercado. Afinal, as organizações necessitam do comprometimento dos indivíduos para sua produtividade.
Cultura organizacional é um sistema de comportamentos, normas e valores sociais (padrões de referencia que influenciam a forma como as pessoas agem) aceites e partilhadas por todos os membros da organização e que de certa forma a tornam única. A cultura organizacional desempenha um importante papel no funcionamento da equipa na medida em que o conhecimento da cultura de uma organização permite actuar de forma mais eficiente sobre ela. Para identificar a cultura de uma organização, importante para a gestão da mesma e da sua equipa de trabalho, é necessário compreender as relações de poder, as regras não escritas, aquilo que é tido como verdade, valores, crenças, mitos e costumes.
Quais as características da cultura organizacional?
 Identificação - até que ponto cada colaborador se identifica mais com a organização do que com a sua própria profissão;
 Ênfase no grupo – em que medida o trabalho na organização está organizada na base de equipas ou na base individual;
 Focus nas pessoas – até que ponto as decisões de gestão têm em consideração o impacto nos membros da organização;
 Integração – até que ponto os diferentes grupos profissionais ou departamentos actuam de forma coordenada e complementar;
 Controlo – de que forma as regras, os regulamentos e a supervisão directa são usados para controlar o comportamento individual;
 Tolerância ao risco – até que ponto os membros da organização são encorajados a ser inventivos, inovadores e a enfrentar o risco,
 Lidar com conflitos – em que medida os membros da organização são encorajados a encarar os conflitos com espírito de abertura;
 Orientação para resultados – até que ponto a gestão está mais orientada para os resultados do que para os meios;
 Sistema aberto ou fechado – em que medida a organização está atenta à sua envolvente externa e actua em resposta às suas alterações.

O sucesso de uma organização depende das habilidades de comunicação entre todos os funcionários. A organização que "ouve" seus funcionários como um caminho para mostrar suporte e aceitação, que entende e detecta as diferenças de percepção entre os indivíduos, ocasiona um ambiente mais aberto e este ambiente faz com que os funcionários tenham maior satisfação e produtividade na empresa.
Como se depreende, dentro de uma organização o conceito de equipa tem uma relevância extrema. Define-se como equipa o grupo de pessoas que dão diferentes contributos e partilham uma metodologia comum para atingir objectivos também comuns. No caso particular de uma equipa em saúde, o grupo de pessoas colaboram entre si para a prestação de cuidados de saúde.

Todos os membros de uma equipa partilham um propósito comum, que os liga e orienta nas suas acções. Por outro, cada elemento sabe exactamente quais são as suas funções dentro da equipa e deve reconhecer os interesses comuns, só assim uma equipa pode funcionar, partilhando os conhecimentos, os recursos e as capacidades de todo. Contudo, não basta colocar pessoas juntas a trabalhar para que se forme uma equipa no sentido em que os resultados e as consequências do trabalho da equipa são partilhados por todos. No seio de uma turma, as decisões devem ser tomadas por consenso, mantendo a coesão da equipa e melhorando a comunicação entre os diversos intervenientes. Esta forma de actuação proporciona vantagens já que os profissionais funcionam de forma mais eficaz e eficiente pois cada elemento aumenta a capacidade da equipa e dos restantes membros do grupo.
No entanto, trabalhar em equipa não é de todo fácil, existem obstáculos que dificultam esse processo. Falta de empenho e motivação de um ou mais elementos, falta de limites de funções dos diferentes profissionais, relações externas que se sobrepõem as internas, equipas demasiado grandes ou demasiado pequenas, quebra de confiança mútua, comunicação deficiente e sistemas de informação pobres ou inexistentes e dificuldade em assimilar novos elementos são exemplos de entraves ao bom funcionamento de um grupo de trabalho. Para os combater, os elementos que constituem a equipa devem ter flexibilidade em situações de conflito, descentralização, comunicar de forma positiva (interna e externamente), saber respeitar os limites e fronteiras de cada um, manter um comportamento assertivo e respeito mútuo. Além disso, devem ser bem definidas as diferentes responsabilidades de cada interveniente, deve ser dada formação aos novos elementos e investir nos profissionais.
A comunicação é, portanto, um factor essencial para o funcionamento de uma equipa e, por sua vez, de uma organização. Uma boa comunicação interna entre os elementos do grupo permite um bom clima laboral, manter a informação actualizada e desenvolver o projecto colectivo. Por seu turno, a comunicação externa, ou seja, a imagem que é passada para o exterior é também deveras importante no sentido de informar e persuadir os clientes da organização.


Marchiori, Marlene Regina. Comunicação é Cultura. Cultura é Comunicação - Comunicação Empresarial nº31, São Paulo, 1999

Ribas, Maria José. Cultura e mudança organizacional - Apresentação para curso de pós-graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico Viana do Castelo, Viana do Castelo, 2010.

Ribas, Maria José. Trabalho em equipa - Apresentação para curso de pós-graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico Viana do Castelo, Viana do Castelo, 2010.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Relações Interpessoais


Diversas definições de comunicação foram já referidas ao longo deste trabalho; uma outra ideia, definida por Wood, esclarece comunicação como a partilha de necessidades, experiencias, ideias, pensamentos, sentimentos com outras pessoas. A comunicação humana assenta então numa interacção entre pessoas onde está presente a linguagem, escrita e falada, os gestos, os símbolos, rir, ignorar, tocar, apontar ou fixar o olhar; gritar, abanar a cabeça, grunhir ou até pestanejar são modos de comunicar.
A comunicação é vista, portanto, como um elemento básico da interacção humana e é um processo interpessoal complexo que envolve trocas verbais e não verbais de informação e ideias, comportamentos e relacionamentos. Considera-se comunicar um acto de partilhar que permite às pessoas estabelecerem contactos e produzir mudanças.
Existem certas competências e capacidades que condicionam a comunicação, de referir, capacidades cognitivas, sensoriais e motoras. Podemos identificar como capacidades cognitivas a atenção, a memória, a capacidade de associação e de generalização, a sequenciação e a motivação. Por seu turno, as capacidades sensoriais envolvidas no processo comunicativo são a audição, a visão e o tacto. Por último, a musculatura facial, a motricidade fina (capacidade para executar movimentos finos com controlo e destreza) e a motricidade global (habilidade de controlar as contracções dos grandes músculos corporais na geração de movimentos amplos) fazem parte das capacidades motoras que devem ser refinadas para uma melhor comunicação.
A comunicação interpessoal assenta na relação com os outros e caracteriza-se por saber dialogar, saber escutar, saber perguntar e saber falar. No entanto, a comunicação entre pessoas não se restringe a estes “saberes”, acrescenta também a interpretação do feedback quando estamos a comunicar. O feedback permite-nos identificar e corrigir obstáculos, certificarmo-nos se a mensagem foi recebida ou não e de que modo, conhecer a personalidade do receptor, adaptar o conteúdo da mensagem e aumentar o grau de estabilidade.


Seguidamente, serão esclarecidos quatro estilos de comunicação: passivo, agressivo, manipulador e assertivo. Um estilo agressivo coloca os desejos, necessidades e direitos individuais acima dos outros; é identificado quando uma pessoa fala alto, interrompe os outros e não controla o tempo que está a falar. Este tipo de comportamento faz com que os outros também sejam agressivos. Num meridional oposto, o estilo passivo ignora os direitos e sentimentos da pessoa que o utiliza, entrando raramente em desacordo. É característico que uma pessoa que usa maioritariamente o estilo comunicativo passivo raramente dizer que não e estar frequentemente ansioso; as outras pessoas abusam então deste indivíduo criando um mal-estar consigo próprio. Uma pessoa que adopta um estilo manipulador considera-se hábil no relacionamento interpessoal, fala por meias palavras, mostra sempre boas intenções e acha que quem não usa este sistema é estúpido. Sem querer impor regras de comunicação e descuidar os outros estilos, o melhor sistema para uma correcta comunicação é o estilo assertivo. Uma pessoa que actua com assertividade mostra vontade de defender os seus direitos, mas ao mesmo tempo é capaz de aceitar que os outros também tenham os seus. Um comunicador assertivo caracteriza-se por ouvir e procurar entender, respeitar as pessoas aceitando acordos e soluções, vai direito ao assunto sem ser áspero e insiste na procura do seu objectivo; na expressão corporal, o contacto visual é suficiente para dar a entender que está a ser sincero, o tom de voz é moderado, neutro mas firme, a postura é comedida e segura e está em consonância com as palavras. Sumariamente, no estilo assertivo a pessoa está à vontade nas relações face a face, é verdadeiro consigo e com os outros, é objectivo e claro, não deixem que o pisem e estabelece relações de confiança.
Um dos factores mais importante nas relações interpessoais é a apresentação da pessoa. Tendo em conta que a primeira impressão é muito valorizada, é necessário saber apresentar-se, usando um estilo autêntico com atenção aos pormenores, ser sincero, amistoso e coerente.
Os factos apresentados anteriormente representam a generalidade das relações interpessoais e devem ser aplicados pelos profissionais de saúde. No entanto, essas mesmas relações adquirem contornos especiais quando a comunicação ocorre entre uma pessoa sã e uma pessoa doente. Um Homem quando está doente, está possuído pelo desânimo, sente necessidade de ajuda e por isso chama o profissional de saúde para se poder exprimir. Os doentes exprimem-se melhor quando o profissional se preocupa, ouve as respostas e mostra vontade de ajudar ou arranjar ajuda. O profissional deve ter especial atenção em produzir uma linguagem afirmativa, clara e precisa, sem imprecisões e sem subjectivismo.
A tabela seguinte resume algumas técnicas de comunicação terapêutica na relação técnico de saúde/doente.

Técnica Definição Exemplo Valor terapêutico Ameaça não terapêutica
Ouvir Processo activo de receber as informações e examinar a sua própria reacção às mensagens recebidas Manter o contacto visual e a comunicação não verbal receptiva. Comunicam de modo não verbal, o interesse e aceitação do enfermeiro ao paciente. Falha em ouvir.
Amplas aberturas Estimular o paciente a escolher o tema da discussão “O que você está pensando?” Indica a aceitação pelo profissional e o valor da iniciativa do paciente Rejeição das resposta, domínio do profissional.
Reafirmação Repetir para o paciente o pensamento principal que ele expressou “Você disse que sua mãe te abandonou quando você tinha 5 anos de idade.” Indica que o profissional está escutando atentamente o paciente. Falta de atenção e interpretação pelo profissional.
Esclarecimento Tentar pôr em palavras as ideias vagas do paciente. “Não estou certa do que você quer dizer, poderia repetir?” Ajuda a esclarecer os sentimentos, ideias e percepções. Falha em sondar, compreensão presumida.
Reflexão Orientar ideias, sentimentos, dúvidas e satisfação de volta para o paciente “Você está tenso e ansioso, e isso tem relação com a conversa que você teve com sua mãe ontem?” Confirma que o profissional compreende o que o paciente está dizendo, e indica empatia interesse e respeito por ele. Sentimentos e respostas impróprias à experiência cultural e ao nível de instrução do paciente.
Focalização Questões ou afirmações que ajudem o paciente a ir alem do assunto de interesse. “Acho que deveríamos falar mais sobre você e seu pai.” Permite o paciente discutir os assuntos centrais. Mudar de tema.
Identificar os temas Ressaltar os temas ou problemas que surgem repetidamente. “Percebi que em todos os seus relacionamentos você foi ferido por um homem. Você acha que isso é um tema fundamental. Permite melhor exploração e compreensão dos problemas importantes do paciente. Fornecer aconselhamento, reafirmar, desaprovar.
Silêncio Falta de comunicação verbal por motivo terapêutico. Sentar com o paciente e comunicar de modo não verbal, o interesse e o envolvimento. Dar tempo ao paciente para pensar e ter discernimento, enquanto transmite apoio, compreensão e aceitação. Questionar o paciente, falha em quebrar o silêncio não terapêutico.
Humor Libera energia por meio de um comentário cómico sobre a imperfeição. “Isso dá um novo significado geral à palavra ‘nervoso’, disse com ar de brincadeira”. Pode promover o discernimento tornando conscientes os temas reprimidos. Subestimar o paciente, tentar evitar intimidade não terapêutica;


Adoptado de STUART, G.W & Laraia, M.T Enfermagem psiquiátrica 4 ed.. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002.


Santos, Luísa. Comunicação – Relações Interpessoais - Apresentação para Curso Pós Graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico de Viana, Viana do Castelo, 2010
Cardoso, Rui Mota. Comunicação interpessoal - Apresentação para Curso Pós Graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico de Viana, Viana do Castelo, 2010
SILVA. M.J.P. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações pessoais em saúde. São Paulo: gente, 1996.133p.
STEFANELLI, M.C. Comunicação com paciente: teoria e ensino. 2. Ed. São Paulo: Robe, 1993.200p.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Marketing e os Mass Media


A comunicação em saúde está não se refere apenas a interacção entre os profissionais de saúde mas também nas informações que são passadas para fora do contexto hospitalar e que são frequentemente divulgadas por jornalistas para o público em geral.

Para que a informação que é transmitida para o exterior seja positiva, podem adoptar-se estratégias de marketing. Define-se marketing como a ciência e a arte de conquistar, manter clientes e desenvolver relacionamentos lucrativos com eles. Na saúde, os principais clientes são os utentes dos serviços de saúde. O marketing implica pesquisa, planeamento, produção, promoção e propaganda, logística, relações publicas, vendas, etc. Além destes, o preço, o produto, o ponto de venda, a promoção do produto e as pessoas são parcelas de maior importância.

Apesar de não ser a principal obrigação dos profissionais de saúde, estes devem ter em atenção estratégias de marketing para melhor publicitarem o seu produto. Assim, devem ter confiança no produto ou serviço, mantê-lo com qualidade, dar maior importância á qualidades do que aos defeitos e saber identificar as necessidades do cliente. Em resumo, quando se estabelece uma estratégia de marketing deve ter-se em consciência se seriamos nossos próprios clientes; só assim garantimos os níveis de qualidade elevados.

Os meios de comunicação social são a melhor forma de exercer marketing sobre os clientes. No entanto, dado as características intrínsecas a esses meios de comunicação, é necessário compreende-los e saber como lidar com eles, no sentido de conseguir passar positivamente a mensagem e não ser vitima dos mesmos.

A Teoria do Agendamento ou Agenda-setting theory, no original, em inglês, é uma teoria de Comunicação formulada por Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970. De acordo com este pensamento, são os Media que determinam a “agenda” para a opinião pública. No entanto, ao fazê-lo destacam determinados temas em detrimento de outros, preterem eventos e ofuscam ou ignoram outros tantos.

Este fenómeno ocorre porque a imprensa é selectiva ao noticiar os factos. Os profissionais de notícias actuam como “porteiros” ou filtros da informação, deixando passar algumas e barrando outras. Deste modo, o que o público sabe e com o que se importa em dado momento é produto deste gatekeeping (termo jornalístico para edição). Além disso, a intensidade de cobertura de um facto pelos Media induz, repetidamente, ao público relevância sobre esse facto.

É recorrente em ambiente jornalístico destacar o mais negativo, ou seja, o que ocorre de forma normal ou natural não constitui notícia; em saúde, o normal é esperar que serviços e profissionais trabalhem bem. A valorização do negatico, do perigoso, do erro ou da incompetência não se restringe aos jornalistas em particular, mas sim a generalidade do instinto humano. Para que algo positivo tenha relevância é necessário que apareça de forma interessante, improvável e inovadora, tem que ser de grande dimensão e, de certa forma, diferente. Apenas somos informados positivamente quando existem campanhas de Saúde Publica ou divulgação de iniciativas e, para estes casos, a informação só é bem recebida quando accionada no timing certo.

Uma das formas de condicionar positivamente as informações que são noticiadas no âmbito da saúde é fazer uma rigorosa gestão do risco. Com isto assume-se que definir uma estratégia de gestão da reputação é indispensável para a sustentabilidade e crescimento do serviço/negócio. As organizações que conseguem preservar uma reputação favorável reconhecem a importância e benefícios de fortalecer esse atributo. Em situação de crise, deter uma reputação positiva traduz-se em melhores resultados e menores consequências ao nível da imagem. Os profissionais de saúde devem, então, adquirir uma comunicação pró-activa: internamente devem manter uma boa relação e fluxo de informação com todos os colaboradores. Por outro lado, a relação dos mesmos profissionais de saúde com os media deve assentar na confiança e na informação, visto que em situação de crise os órgãos de comunicação social vão privilegiar a empresa ou serviço que conhecem e confiam. Nesta transmissão de informação para os Media, é necessário ter noção do impacto da mensagem, isto é, uma mensagem mais sensível tem que ser melhor explicada; além disso, deve ter-se a capacidade de antecipar as piores perguntas e preparar as respostas, centrando no assunto que interessa e alertando o jornalista para a necessidade de rigor na divulgação. Identificam-se como estratégias para responder a questões difíceis a empatia e compreensão. Elaborar mensagens incisivas assentes em factos, repetir a mensagem e descrever acções futuras são formas de atenuar o risco de má informação, através do aumento dos níveis de percepção, do benefício ou dos valores.

Quando há necessidade de efectuar uma comunicação de riscos para a comunidade, como aconteceu aquando do caso da Gripe A, é necessário compreender que o público é sensível ao risco quantitativo e em regra estabelece uma escala para o risco na hierarquia dos perigos; em termos qualitativos é entendido por: controlo pessoal sobre a exposição, fantasiar-se sobre potenciais ou reais consequências, conflitos ente parecere de cientistas/técnicos, equidade e justiça das distribuições risco/benefício e margens de incerteza. As empresas que tomam medidas pró-activas em relação a posturas humanas, ambiente e públicos alvo são menos criticadas em situação de crise.

Deve compreender-se que a “fonte” e os “media” têm objectivos diferente: a fonte quer que o publico tenha uma perspectiva favorável, ao passo que os media querem publicar uma história sobre algo que as pessoas não saibam, algo interessante e que exerça influencia sobre a população.

Seguidamente, irá ser abordada a forma como devem ser transmitidas informações para os diferentes meios de comunicação social (imprensa, rádio e televisão) por parte dos profissionais de saúde.

A imprensa permite maior tempo de explicação para o entrevistado e para o leitor. Assim, o profissional de saúde deve saber o mais possível sobre o objectivo da reportagem e informações detidas pelo jornalista para melhor preparar a entrevista. Como há menor pressão de tempo a ter em conta o fecho da edição, deve-se privilegiar a conversa presencial para garantir entendimento do assunto e dar a documentação possível sobre o assunto ao jornalista. Quando a entrevista é para a rádio, é importante perceber qual o assunto e qual a abordagem do jornalista, seleccionar duas ou três ideias essenciais e produzir um discurso claro, simples e rápido. Por fim, mas não menos importante, quando se trata de uma entrevista para a televisão, a preparação para a mesma deve ser mais cuidadosa. Uma conversa previa para perceber a abordagem e expectativa do jornalista pode ser benéfica. Depois, usando uma linguagem curta, incisiva, clara e simplificada, deve responder-se directamente à pergunta que foi for feita, sem tecer outros raciocínios e considerações na primeira fase. Há aqui um especial cuidado em não dar informações incorrectas, mesmo sob pressão. No caso da televisão, a imagem ganha uma importância fulcral. Evitar usar óculos escuros, produzir gestos limitados e não encarar o microfone ou a câmara como inimigos são estratégias que facilitam a transmissão de uma mensagem positiva.


Rebelo, Paula. Comunicação e Mass Media - Apresentação para Curso Pós Graduação Comunicação em Saúde Escola Superior de Saúde Instituto Politécnico de Viana, Viana do Castelo, 2010

Comunicação e Saúde


A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o termo saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. O Escritório Regional Europeu, pertencente à OMS define saúde como a medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objectivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.
A abordagem do tema saúde pelos meios de comunicação é marcada fundamentalmente pela relação entre doença, capital e tecnologia. Remédios, tratamentos modernos, novas tecnologias, doenças, terapêuticas são temas que povoam as mídias e permitem a construção de imaginários e relações simbólicas. A saúde é apresentada, muitas vezes, apenas sob a óptica das mudanças e inovações que permitem a expectativa da cura e o encontro de soluções rápidas, eficientes, duradouras, derrotando a dor e o sofrimento. Em oposição, está o quotidiano dos profissionais de saúde, das instituições de saúde e daqueles que se encontram ameaçados pela falta desta. Esses vivenciam a rotina da desesperança e do descaso inevitável provocado pelo fracasso dos responsáveis pelo seu cuidado [Moraes, Nilson Alves, 2006]. Moraes (2006) afirma ainda que a comunicação, as novas tecnologias, as redes e os processos informacionais são algumas das condições do quotidiano que provocam encantamento, articulações, mudanças sociais, relacionais e produtivas de diferentes naturezas e também preocupações pelas suas possibilidades e efeitos. As instituições, a sociedade e as políticas de saúde dependem cada vez mais de um uso racional e generalizado da comunicação e dos processos informacionais, do poder que estes têm de formular acções e influenciar no quotidiano.
Comunicação é o confronto de linguagens verbais e não-verbais que viabiliza condições de maior explicitação e eficácia dos enunciados, dos processos de recepção e de circulação destas informações. A comunicação visa a gestão social da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos. É necessário compreender que a comunicação, a saúde, a saúde da comunicação e a saúde na comunicação são objectos de diferentes saberes e práticas sociais [Araújo, 2000].
É recorrente ver notícias sobre a saúde nos jornais e demais meios de comunicação apresentadas de forma descontínua e descontextualizada. Cada veículo de comunicação cria a notícia segundo o seu próprio real, seguindo modalidades específicas, enfatizando os temas que acreditam constituir os interesses e necessidades dos receptores das mesmas. Seria oportuno que os meios de comunicação social estivessem mais e melhor informados, de forma a proteger e valorizar a saúde em geral.



Comunicação em saúde diz respeito ao estudo e utilização de estratégias de comunicação para informar e influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a saúde [TEIXEIRA, 2004]. Esta definição pode tornar-se um pouco redutora no sentido que a comunicação é importante na saúde não só para a promover mas também desenvolver as seguintes finalidades:
- Promover a saúde e educar para a saúde
- Evitar riscos e ajudar a lidar com ameaças para a saúde
- Prevenir doenças
- Sugerir e recomendar mudanças de comportamento
- Recomendar exames de rastreio
- Informar sobre a saúde e sobre as doenças
- Informar sobre exames médicos que é necessário realizar e sobre os seus resultados
- Receitar medicamentos
- Recomendar medidas preventivas e actividades de auto-cuidados em indivíduos doentes.
Assim, a comunicação é um tema transversal em saúde e com relevância em contextos muito diferentes:
- Na relação entre os técnicos de saúde e os utentes dos serviços de saúde
- Na disponibilização e uso de informação sobre saúde, quer nos serviços de saúde quer nas famílias, escolas, locais de trabalho e na comunidade
- Na construção de mensagens sobre saúde no âmbito de actividades de educação para a saúde e de programas de promoção da saúde e de prevenção, que visam a promoção de comportamentos saudáveis
- Na transmissão de informação sobre riscos para a saúde em situações de crise
- No tratamento dos temas de saúde nos meios de comunicação social, na Internet e outras tecnologias digitais (CD Rom, DVD)
- Na educação dos utentes com a finalidade de melhorar a acessibilidade dos serviços de saúde
- Na formação dos técnicos de saúde
- Nas relações interprofissionais em saúde
- Nas intervenções e afirmações públicas dos técnicos de saúde
- Na comunicação interna nas organizações de saúde
- Na qualidade do atendimento dos utentes por parte de funcionários e serviços [TEIXEIRA, 2004].


ARAÚJO, I. A reconversão do olhar: prática discursiva e produção dos sentidos na intervenção social. São Leopoldo: Unisinos, 2000.
MORAES, NILSON ALVES DE. Comunicação, sentidos e saúde. Coletânea de Comunicação e Informação em Saúde para o exercício do Controle Social, Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006
TEIXEIRA, José A. Carvalho. Comunicação em saúde: Relação Técnicos de Saúde - Utentes. Aná. Psicológica, set. 2004, vol.22, no.3, p.615-620. ISSN 0870-8231.

Comunicação e Cultura

O verbo “cólere”, de que deriva “cultura”, exprime a ideia de “amanhar, cuidar, revolver” a terra, fertilizando-a e semeando a boa semente para que produza mais e melhor. Reporta-se, pois originariamente ao trabalho agrícola, compreendendo tanto o cultivo do solo, quanto o cultivo dos vegetais no solo.
Pensadores romanos antigos ampliaram o sentido da palavra e passaram a usá-la como sinónimo de refinamento e sofisticação pessoal. No decorrer da história, vários outros significados foram sendo atrelados à palavra. Inicialmente poderíamos entender cultura como o conjunto dos conhecimentos, das ideias e das crenças e a maneira com esses elementos apresentam-se na vida social. Uma outra concepção, de carácter mais abrangente, cultura diz respeito a tudo aquilo que caracteriza e existência social de um povo, nação ou grupos sociais no interior de uma sociedade, preocupando-se com a totalidade dessas características e a maneira como tais grupos concebem e organizam a vida social ou seus aspectos materiais.
Segundo Hofstede (2003), há quatro termos fundamentais sobre o conceito de cultura: símbolos, heróis, rituais e valores. Símbolos são palavras, gestos, figuras ou objectos que transportam um significado particular que é apenas reconhecido pelos que partilham a mesma cultura. Os heróis são pessoas, vivas ou falecidas, reais ou imaginárias, que possuem características altamente valorizadas numa determinada cultura e que servem desse modo de modelo de comportamento. Os rituais são actividades colectivas consideradas essenciais e realizadas para o próprio bem da colectividade. São exemplos de rituais formas de cumprimentar ou transmitir respeito aos outros e cerimónias sociais ou religiosas. Para Cuche (2002) Toda a cultura é um processo permanente de construção, desconstrução e reconstrução. Nenhuma cultura existe em “estado puro”, sem jamais ter sofrido influências externas.
A comunicação vincula pessoas e cultura. Por um lado, é através da comunicação que se pode inserir elementos externos a cultura, influenciando-a e modificando-a; por outro, como já vimos, a comunicação está directamente influenciada pela cultura onde se insere. Bastide (1979) descreve apropriadamente este facto ao afirmar que quanto mais afastadas a forma de um traço cultural estiver das formas dos traços culturais da civilização receptora, mais difícil será a sua aceitação.
Como vemos, a comunicação e cultura estão intimamente relacionadas. Um exemplo prático de comunicação em saúde é apresentado da seguinte forma: um folheto informacional, elaborado para uma determinada campanha para a promoção da saúde pode ser entregue numa comunidade distante dos grandes centros, numa tribo indígena, em zonas rurais ou em regiões isoladas; em qualquer um destes locais a forma como a informação é recebida ocorrerá de forma distinta.
Transmitindo estes conhecimentos para o caso prático da interacção social médico-paciente, muitas vezes o segundo não consegue perceber aquilo que lhe é transmitido por falta de competência cultural, porque o médico possui conhecimento objectivo, ao passo que o paciente apoia-se em crenças que, sendo mais abstractas, dificulta a comunicação.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14.ed. Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1994.
HOFSTEDE, G. Cultures and organizations: software for the mind. New York: McGraw- Hill, 2004.
CUCHE, D. A noção de cultura nas ciências sociais. Bauru, São Paulo: Edusc, 2002.
BAPTISTA, RENATO DIAS e tal, As interconexões da comunicação e cultura com a saúde pública. Comunicação & Saúde, Volume 3:5, São Paulo, 2006.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Comunicar

Comunicação
A origem da palavra comunicação veio do latim “communicatio” que o seu significa “está encarregado de” com o acréscimo do prefixo “co” e seu significado é reunião. Temos a ideia de uma “actividade realizada conjuntamente”, terminada e completada com tio, que reforça a ideia de actividade.

Comunicação –comum +ação, onde significa “acção em comum”, se tenha em conta que o “algo em comum” refere-se a um mesmo objectivo da consciência e não as coisas que se diz materiais.
Existe também o fato de comunicar, de estabelecer uma relação com alguém, uma transferência de informação para outrem o que sentimos. Existe também, a semiótica que diz que a comunicação é a transmissão de signos que se passa através de códigos que vão transmitindo entre expressões híbridas. A comunicação é uma actividade educativa que envolve troca de experiência entre pessoas de gerações diferentes, evitando-se assim que os grupos sociais retornem ao primitismo [http://pt.shvoong.com/humanities/235558-origem-da-comunica%C3%A7%C3%A3o-oral-escrita/].

Como se depreende da definição etimológica da palavra comunicação, existe uma dificuldade em tornar ou definir “Comunicação” com objectividade. Segundo o orador, em comunicação não existe objectividade. A imposição do sentido “comum” na comunicação, o facto de se estabelecer uma relação com alguém ou de haver uma transferência de informação para outrem torna a mensagem subjectiva consoante o receptor. Quer-se com isto dizer que cada pessoa tem uma visão diferente de um dado acontecimento. Apesar de se tratar do mesmo acontecimento, numa análise sistémica, é impossível ao ser humano observar o acontecimento como um todo, remetendo a visão de um indivíduo a uma parte do acontecimento, diferente de uma outra parte do acontecimento registado por outro indivíduo.

Esta discrepância na avaliação do mesmo acontecimento está intimamente relacionada com o Mapa Mental (MM) de cada indivíduo. No MM estão registadas informações idóneas que identificam um determinado indivíduo. A educação, a vida afectiva, a profissão, o estilo de vida, os amigos, a sociedade, entre outras, são todas condicionantes do MM. Deste modo, o MM de cada indivíduo condiciona as suas expectativas em relação a realidade, o que faz com que o observador “a” veja o mesmo acontecimento de maneira diversa do observador “b”.

Consideremos um caso particular em que a comunicação ocorre entre 2 indivíduos A e B. Ambos os elementos se tornam Emissores e Receptores de informação em simultâneo. Quando existe falha de comunicação, o principal problema do processo comunicativo é que o sujeito A não toma consciência que o B não observa os acontecimentos da mesma forma, gerando discussão. Com exemplo trivial consegue-se facilmente perceber: num jogo de futebol, um determinado observador afecto ao clube A afirma que não existe falta ao passo que o sujeito torcedor pelo clube B tem toda a certeza que a falta existiu. Mais uma vez, os dois adeptos têm as suas opiniões condicionadas pelos seus MMs.

A subjectividade da comunicação está não só relacionada com as diferentes percepções que diferentes indivíduos têm do mesmo acontecimento, mas também com a percepção que o indivíduo tem de si próprio. O seguinte diagrama ajuda a compreender.



Consideremos os Sujeitos X e Y, bem como um qualquer acontecimento. Numa primeira instância, importa referir que o Sujeito X apenas conhece de si próprio a zona marcada como X1; todo o resto do conteúdo do seu círculo é desconhecido e muitas vezes inventado pelo próprio sujeito. Depois temos o Sujeito Y que reconhece o sujeito X. Perante um acontecimento, os dois sujeitos percebem diferentes áreas do mesmo: o sujeito X reconhece a parte a verde ao passo que o sujeito Y apenas vê a parte em laranja. Estando os dois sujeitos em comunicação acerca do acontecimento, existe apenas uma parte comum que é visionada pelos 2 indivíduos e que está assinalada a preto, essa é a única parte concordante. Adicionalmente, em comunicação entram também as zonas que são percepcionadas por cada um dos sujeitos independentemente que tentam por em comum; é importante nesta fase que os sujeitos tomem como verdade aquilo que estão a transmitir reciprocamente, tendo em conta que parte dessa informação é desconhecida ou até inventada pelo próprio comunicador.

Desta análise conclui-se que em comunicação existe uma grande dificuldade em conseguir objectividade. Além disso, é necessário ter em conta a opinião que um indivíduo tem em relação ao outro e em relação aos acontecimentos. Esta diversidade tem que ser respeitada para que a comunicação seja eficaz.

Segundo o esquema de Comunicação apresentado por R. Jakobson, entre o emissor e o receptor existe um contexto, uma mensagem, um contacto ou um código. Para que a comunicação se processe efectivamente entre os dois elementos, deve a mensagem ser realmente recebida e descodificada pelo receptor. Isto só é possível se ambos, emissor e receptor, se encontrarem dentro do mesmo contexto, utilizarem o mesmo código e estabelecerem um efectivo contacto através de um canal de comunicação. Se qualquer um destes elementos ou factores falhar, ocorre uma situação de ruído na comunicação, entendido como todo o fenómeno que perturba de alguma forma a transmissão da mensagem e a sua perfeita recepção descodificada por parte do receptor.

Existem duas formas de linguagem/comunicação a considerar: verbal e não-verbal. A comunicação verbal é objectiva e usada para dar informação; é assente em linguagem verbal e as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus de abstracção e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas sim nas pessoas (influenciadas pelo seu MM). Conquanto, as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são também importantes; estes últimos fazem parte da linguagem não-verbal onde é assente a comunicação do mesmo tipo. Comunicação não-verbal é usada para transmitir sentimentos e emoções e estabelece a relação entre emissor e receptor. Por exemplo, quando um desconhecido nos pergunta as horas nós avaliamos, numa primeira instancia, quem está a comunicar connosco: se for um “bandido” rejeitamos a informação, se for uma “velhinha” a informação é dada prontamente. Deste modo, a comunicação não-verbal inclui a expressão facial, o movimento dos olhos, os movimentos da cabeça, a postura e os movimentos do corpo, os comportamentos não-verbais da voz (qualidade, velocidade e ritmo da voz) e a aparência. Tendo em conta que a linguagem verbal é plenamente deliberada e que a linguagem não verbal pode ser uma reacção involuntária, na interacção pessoal, estes dois elementos são importantes para que o processo que comunicação seja eficiente [http://www.salves.com.br/virtua/comverbn-verb.html].

Em jeito de conclusão, inclui-se o conceito Metacomunicar. Metacomunicar é entender a mensagem que é transmitida, adaptar-se aos diferentes contextos, saber estar e perceber a posição de quem está a comunicar conosco e ter a intuição de captar os sinais não verbais que nos são transmitidos. Assim se torna a comunicação eficaz.


BITTI, P. R. ; ZANI, B. - A comunicação como processo social. Lisboa: Estampa, 1997
LITTLEJOHN, Stephen W. - Fundamentos teóricos da comunicação humana. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988. 407 p.
Lowen, Alexander – Vida para o corpo. São Paulo: Summus, 2007