quarta-feira, 14 de julho de 2010

Comunicação e Saúde


A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu o termo saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. O Escritório Regional Europeu, pertencente à OMS define saúde como a medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objectivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.
A abordagem do tema saúde pelos meios de comunicação é marcada fundamentalmente pela relação entre doença, capital e tecnologia. Remédios, tratamentos modernos, novas tecnologias, doenças, terapêuticas são temas que povoam as mídias e permitem a construção de imaginários e relações simbólicas. A saúde é apresentada, muitas vezes, apenas sob a óptica das mudanças e inovações que permitem a expectativa da cura e o encontro de soluções rápidas, eficientes, duradouras, derrotando a dor e o sofrimento. Em oposição, está o quotidiano dos profissionais de saúde, das instituições de saúde e daqueles que se encontram ameaçados pela falta desta. Esses vivenciam a rotina da desesperança e do descaso inevitável provocado pelo fracasso dos responsáveis pelo seu cuidado [Moraes, Nilson Alves, 2006]. Moraes (2006) afirma ainda que a comunicação, as novas tecnologias, as redes e os processos informacionais são algumas das condições do quotidiano que provocam encantamento, articulações, mudanças sociais, relacionais e produtivas de diferentes naturezas e também preocupações pelas suas possibilidades e efeitos. As instituições, a sociedade e as políticas de saúde dependem cada vez mais de um uso racional e generalizado da comunicação e dos processos informacionais, do poder que estes têm de formular acções e influenciar no quotidiano.
Comunicação é o confronto de linguagens verbais e não-verbais que viabiliza condições de maior explicitação e eficácia dos enunciados, dos processos de recepção e de circulação destas informações. A comunicação visa a gestão social da saúde e da qualidade de vida dos indivíduos. É necessário compreender que a comunicação, a saúde, a saúde da comunicação e a saúde na comunicação são objectos de diferentes saberes e práticas sociais [Araújo, 2000].
É recorrente ver notícias sobre a saúde nos jornais e demais meios de comunicação apresentadas de forma descontínua e descontextualizada. Cada veículo de comunicação cria a notícia segundo o seu próprio real, seguindo modalidades específicas, enfatizando os temas que acreditam constituir os interesses e necessidades dos receptores das mesmas. Seria oportuno que os meios de comunicação social estivessem mais e melhor informados, de forma a proteger e valorizar a saúde em geral.



Comunicação em saúde diz respeito ao estudo e utilização de estratégias de comunicação para informar e influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a saúde [TEIXEIRA, 2004]. Esta definição pode tornar-se um pouco redutora no sentido que a comunicação é importante na saúde não só para a promover mas também desenvolver as seguintes finalidades:
- Promover a saúde e educar para a saúde
- Evitar riscos e ajudar a lidar com ameaças para a saúde
- Prevenir doenças
- Sugerir e recomendar mudanças de comportamento
- Recomendar exames de rastreio
- Informar sobre a saúde e sobre as doenças
- Informar sobre exames médicos que é necessário realizar e sobre os seus resultados
- Receitar medicamentos
- Recomendar medidas preventivas e actividades de auto-cuidados em indivíduos doentes.
Assim, a comunicação é um tema transversal em saúde e com relevância em contextos muito diferentes:
- Na relação entre os técnicos de saúde e os utentes dos serviços de saúde
- Na disponibilização e uso de informação sobre saúde, quer nos serviços de saúde quer nas famílias, escolas, locais de trabalho e na comunidade
- Na construção de mensagens sobre saúde no âmbito de actividades de educação para a saúde e de programas de promoção da saúde e de prevenção, que visam a promoção de comportamentos saudáveis
- Na transmissão de informação sobre riscos para a saúde em situações de crise
- No tratamento dos temas de saúde nos meios de comunicação social, na Internet e outras tecnologias digitais (CD Rom, DVD)
- Na educação dos utentes com a finalidade de melhorar a acessibilidade dos serviços de saúde
- Na formação dos técnicos de saúde
- Nas relações interprofissionais em saúde
- Nas intervenções e afirmações públicas dos técnicos de saúde
- Na comunicação interna nas organizações de saúde
- Na qualidade do atendimento dos utentes por parte de funcionários e serviços [TEIXEIRA, 2004].


ARAÚJO, I. A reconversão do olhar: prática discursiva e produção dos sentidos na intervenção social. São Leopoldo: Unisinos, 2000.
MORAES, NILSON ALVES DE. Comunicação, sentidos e saúde. Coletânea de Comunicação e Informação em Saúde para o exercício do Controle Social, Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006
TEIXEIRA, José A. Carvalho. Comunicação em saúde: Relação Técnicos de Saúde - Utentes. Aná. Psicológica, set. 2004, vol.22, no.3, p.615-620. ISSN 0870-8231.

1 comentário:

  1. Faz parte da gíria popular afirmar que "as saúde está doente!". Apesar de se reconhecer que muito há a melhorar nesta área, muitas vezes a falha de comunicação entre os profissionais de saúde, utentes e mass media é que nos faz chegar a essa conclusão. As imagens postadas neste capítulo são exemplos de publicidade pejorativa à saúde.

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