sexta-feira, 16 de julho de 2010

Comunicação, educação e promoção da saúde


Entende-se comunicação e educação como processos sociais que, actualmente, não podem caminhar dissociados e devem contribuir para o desenvolvimento da sociedade, uma vez que o saber se apresenta como factor de soberania para a nação com a qual se vincula e a comunicação é o modo pelo qual este saber se materializa na sociedade.
A construção de um conhecimento adequado que leve à compreensão de que o nível de saúde é determinante para que o indivíduo viva com qualidade encontra ambientação na perspectiva construtivista explicada por Piaget como o aparecimento de inovações, mudanças e transformações qualitativas que surgem no percurso do desenvolvimento intelectual. O indivíduo aprende e constrói sua inteligência e o seu conhecimento por meio da assimilação, da acomodação e da relação com o outro, na relação com o mundo. O processo educativo permeado pela comunicação exige diálogo, partilha e consideração ao outro que pensa/age igual ou diferente de nós. Valla (1992) relaciona a educação e a saúde com a cidadania por meio da discussão dos serviços básicos e os impostos pagos pela população. Comenta o autor que quanto à definição do quadro das necessidades de saúde da população “carente” ou “pobre”, verifica-se que é habitualmente o das doenças da miséria, cuja profilaxia, de baixo custo, realiza-se, no caso dos centros de saúde, por meio de medidas como a vacinação em massa. As campanhas e os programas desenvolvidos têm mais a ver com os “agentes patológicos” do que com os indivíduos sociais.
Da educação depende a melhoria das condições de vida da população. Normalmente, a população tem conhecimento restrito sobre doenças, o que ocasiona demora no diagnóstico e tratamento, sendo esse procedimento mais comum em comunidades carentes, tanto urbanas como rurais, e naquelas geograficamente distantes e dispersas.
Na visão de Aerts et al (2004) a promoção da saúde passou a ser vista como uma estratégia mediadora entre pessoas e ambiente, visando aumentar a participação dos sujeitos e da colectividade na modificação dos determinantes do processo-saúde, como emprego, renda, educação, cultura, lazer e hábitos de vida. Promover a saúde, no conceito dos autores, é oferecer um contexto de apoio que proporcione a saúde física, intelectual e mental. A educação deve ser a grande facilitadora dessa situação abrangente.
Para a devida manutenção de um nível condizente de vida, é necessário atingir a maior causa que inviabiliza esse fato, ou seja, a ignorância, que promove a indignidade humana e anula o sujeito político. O problema não se restringe somente aos analfabetos, mas também à parcela da população que está excluída ao acesso às informações, aos programas e ao próprio progresso.
Torna-se, portanto, necessário o estabelecimento de parcerias funcionais, de alianças e redes fortes para a promoção da saúde, que incluam os sectores público e privado e outros grupos da sociedade civil, para além daqueles já tradicionalmente envolvidos na intervenção em saúde, de modo a criar massa crítica para a promoção da saúde em diferentes settings (escolas, locais de trabalho, locais de recriação e lazer, estabelecimentos de saúde, prisões, etc.).



http://pitagorascursoenfermagem.blogspot.com/
Freire, Maria Teresa Marins et al. Comunicação e educação: processos interativos para a promoção da saúde - UNIrevista - Vol. 3, n° 1, São Leopoldo, 2006
AZENHA, M. da G.. Construtivismo, de Piaget a Emília Ferreiro - Ática 7 ed. São Paulo, 2002
PORTO, T.M.E.. Redes em construção: meios de comunicação e práticas educativas – JM Editora, Araraquara, 2003.

VALLA, V.V. Educação, saúde e cidadania: investigação científica e assessoria popular - Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro 1992

AERTS, D. et al. Promoção da saúde: a convergência entre as propostas da vigilância da saúde e da escola cidadã - Cadernos de Saúde Pública, Rio Janeiro, 2004

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