segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A Obesidade Mental

A Obesidade Mental - Andrew Oitke


Por João César das Neves - 26 de Fev. 2010


O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity»,
que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais
em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema
da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação
e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de
preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que
de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas
e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas
e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as
revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se
comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a
dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados,
videojogos e telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina,
romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam
depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das
realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para
que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Alerta para riscos de incêndios na saúde | DNOTICIAS.PT

Alerta para riscos de incêndios na saúde | DNOTICIAS.PT

Evitar a inalação de partículas de fumo, protegendo a boca e o nariz com máscaras ou lenços húmidos, usar protecção ocular e, perante uma atmosfera com fumo, respirar devagar e manter a calma são alguns dos conselhos disponibilizados pelo Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais (IASAÚDE) no site oficial, tendo em conta a actual realidade da Região e os potenciais riscos dos incêndios na saúde.

Segundo a informação divulgada, as entidades aconselham a permanecer no interior das habitações, mantendo as portas, janelas e tampas das lareiras fechadas e, se necessário, tapar frinchas existentes com panos molhados. No caso de irritação dos olhos, o conselho vai no sentido de lavá-los com soro fisiológico ou água fria e limpa. Não fumar, não acender velas nem qualquer outro objecto que funcione a gás ou a lenha também é referido, de forma a manter o nível de oxigénio, dentro de casa, o mais elevado possível.

Se houver ou se se mantiverem as queixas, como tosse intensa, falta de ar, peso no peito, tonturas e dores de cabeça, o IASAÚDE aconselha a recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo. No site do IASAÚDE é ainda possível ler que os doentes cardíacos ou respiratórios devem ter consigo a medicação de urgência e usá-la caso seja necessário.

Em relação às crianças, a entidade recomenda que, nas áreas atingidas, não devem brincar ao ar livre. O IASAÚDE pede particular atenção às crianças com menos de três anos. Como o padrão de respiração é mais rápido e trocam duas vezes mais volume de ar do que os adultos, o risco de inalação de fumo é maior.

Outros sintomas associados são irritação do nariz, garganta e traqueia, perturbações da visão, fadiga, dificuldades de concentração e confusão mental.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Psicólogo substituía médico após cirurgias - JN

Psicólogo substituía médico após cirurgias

00h43m

Nuno Miguel Ropio

Frans Versteeg realizava as operações oftamológicas, mas logo depois rumava à Holanda. Era o psicólogo da clínica I-QMed, em Lagoa, que prestava os cuidados pós-operatórios aos pacientes. Tudo com base na experiência como assistente do cirurgião holandês.

Simpático e disponível. Só que com conhecimentos técnicos limitados. Assim é descrito Reinaldo Bartolomeu, o psicólogo da I-QMed, no Algarve, que, alegadamente, assegurava o pós-operatório. Segundo os doentes que sofreram infecções nas cirurgias oftalmológicas, o contacto com Versteeg, o médico holandês proprietário da clínica, deixava de ser possível nas horas posteriores às operações.

Desde conselhos de medicação e observação de pacientes, até ao contacto telefónico, o psicólogo – sem formação na área ocular além da experiência de seis anos – mostrava-se o substituto de Versteeg, que rumava à Holanda após as intervenções.

“O Reinaldo era simpático mas não sabia dizer nada de concreto. Nem viu que tinha uma lente dobrada dentro do olho a cortar-me a retina”, denuncia Maria Florinda Santos, de 61 anos, que em Janeiro de 2005 foi operada às cataratas por Versteeg. “Durante a operação percebi ele a dizer para o jovem [Reinaldo Bartolomeu] que tinha feito asneira. Tinha dobrado a lente e como não tinha mais nenhuma deixou-a lá”, revela.

Entre Janeiro e Setembro de 2005, não conseguiu ter mais contacto com o cirurgião holandês, que se apresentaria tanto como “Franciscus” quando se tratava das intervenções oftalmológicas, como “Frans” para os tratamentos de beleza e aplicação de botox. “Só me sugeriram viajar para a Holanda com outras três pessoas que tinham tido problemas como eu, para sermos operados por um colega do médico”, acrescenta aquela dirigente do Sindicato da Hotelaria. A viagem não ocorreu.

Descrição semelhante à de Wander Sequeira, amigo da doente brasileira Valdleine, que desde 22 de Julho está internada no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, com prognóstico muito reservado, devido à cirurgia na I-QMed. “Durante as primeiras horas apareceu sempre [Reinaldo], mas agora até tem o telemóvel desligado)”, explica o cidadão brasileiro. O JN tentou obter uma reacção do psicólogo, mas este não respondeu aos contactos.

Entretanto, Valdleine será operada hoje aos dois olhos, de forma a debelar a grave infecção que continua a apresentar (ver caixa ao lado. Já ontem, como o JN adiantou, a Michael Donovan, de 66 anos, – um dos outros três pacientes a quem foi declarada cegueira definitiva – foi extraído o olho que ameaçava arriscar o alastramento da infecção a outras áreas.

O futuro de Veldleine está depositada na cirurgia a que será submetida hoje, quarta-feira, pelas 9 horas. Segundo Eliane, irmã daquela doente que até agora continua com prognóstico reservado e ainda não mereceu a declaração de cegueira definitiva, a equipa médica do Serviço de Oftalmologia dos Capuchos pediu que uma declaração de responsabilidade civil fosse assinada pela família, para a realização da intervenção.

A cidadã brasileira está há nove anos em Portugal, onde vive com dois filhos, uma menina de três anos e um rapaz de 15 anos. Apenas o último sabe do estado da progenitora. “Ela trabalhava na apanha de morango e era o único sustento deles (dos filhos). Somos gente humilde e trabalhadora. Não se como será a vida desses meninos, com a minha amiga, assim, nesse estado”, admitiu Wander Sequeira.